27.7.10

Empreendedorismo na Educação Física


Alunos de graduação da Faculdade de Educação Física da UnB (FEF) conseguiram aprovação unânime no colegiado de professores para abrir uma empresa júnior. Aceita há duas semanas, a proposta da Organização de Lazer e Esporte, a Olé Júnior, é trabalhar em gestão e organização de eventos esportivos, segmento novo no curso.

A ideia de criar uma empresa na qual os estudantes possam aplicar conhecimentos na área e aprender a atuar nos moldes do mercado de trabalho existe desde 1993. A resistência é grande porque o curso da UnB costuma formar profissionais para escolas do ensino médio e fundamental. A diversidade de carreiras para os alunos é pequena, por isso falta incentivo para que procurem outros campos de atuação no mercado.

No ano passado, o projeto ganhou força na disciplina Administração Desportiva, como trabalho final exigido pelo professor Paulo Henrique Azevedo. Alessandra Tavares, do sétimo semestre, foi uma das participantes e diz que “na época, não foi para frente por falta de pessoal”. Azevedo conta que tem sido difícil encontrar alunos e professores interessados – alguns destes sequer sabiam como funciona uma empresa júnior. Mesmo com a aprovação do colegiado, a Olé tem apenas seis membros e ainda não possui sede na FEF – aguarda sala definitiva no Centro Olímpico. O primeiro processo seletivo aceitará currículos até esta sexta-feira, para escolher dez novos integrantes.

Dificuldades - Para Alessandra Tavares, há incentivo por parte da faculdade em expandir a formação dos profissionais para a área empresarial. Segundo ela, “se os alunos não manifestam interesse, o motivo é a falta de costume, de tradição. Este é um tipo de carreira novo, muitos ainda nem têm conhecimento que existe”. Para ficar mais conhecida, a Olé tem sido divulgada em redes sociais, como Orkut e Twitter, e em breve deve ganhar um site.

Outros dois cofundadores da Olé, Lucas Modesto e João Victor Domingues, do quinto semestre, concordam que os estudantes de Educação Física têm maior interesse em trabalhar em academias e escolas, evitando a área de gestão de empresas. Este, segundo eles, ainda é um segmento desconhecido.

Ponto de partida da empresa júnior, a disciplina Administração Desportiva é obrigatória. Segundo Domingues, “muita gente só pega a matéria por isso, e não se envolve mais”. Modesto completa: “Reconhecem nosso trabalho, nos apoiam, usam nosso serviço, só não têm interesse em assumir a frente”. O professor Azevedo defende que a popularidade da Olé é questão de tempo, “quando estiver fazendo sucesso é que vai aparecer gente”. 

Diferencial - Para Azevedo, a essência de uma empresa júnior é a oportunidade de trabalhar seguindo exigências do mercado de trabalho, mas com acompanhamento de um professor. “É uma orientação que não vão ter lá fora”, defende. Para os fundadores, aliar teoria à prática é importante para preparar o estudante para o mercado com um diferencial. Alessandra acredita que a Olé pode abrir oportunidade para valorizar o aluno da Educação Física. “Não somos só professores de escola ou de academia”, argumenta.

Além de Administração Desportiva, o professor Azevedo ministra todas as outras disciplinas relacionadas à gestão de esporte. Ele acha que a responsabilidade de um curso universitário é oferecer ao aluno todas as possibilidades de capacitação, “contribuir para que esse indivíduo saia com conhecimento diferencial”. Para ele, “não podemos nos ater à ideia da universidade apenas como formação acadêmica, precisamos inserir o aluno no mercado de trabalho”.

Aluno do quarto semestre da FEF, Pedro Soares enviou currículo para o processo seletivo da Olé. “Quando me falaram desse projeto, me interessei pelas propostas. É uma oportunidade de entrar no mercado em algo diferente”, conta. Apesar de pretender trabalhar com idosos, o estudante aposta na empresa para fugir dos “padrões da Educação Física”, escolas e academias, nas quais a maioria dos alunos consegue estágio com facilidade. 

Perspectivas - Nos próximos seis anos, o Brasil será foco das atenções esportivas do mundo. Por isso, Azevedo considera fundamental diversificar a formação dos profissionais. Os que devem estar formados a tempo da Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada de 2016 podem ter maiores oportunidades: “Estes alunos serão as pessoas que estarão com cargos bons nesses eventos”.

* Fonte: Campus Online (acessado em 27/07/2010)

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