Alunos de graduação da Faculdade de Educação Física da UnB (FEF) conseguiram aprovação unânime no colegiado de professores para abrir uma empresa júnior. Aceita há duas semanas, a proposta da Organização de Lazer e Esporte, a Olé Júnior, é trabalhar em gestão e organização de eventos esportivos, segmento novo no curso.
A ideia de criar uma empresa na qual os estudantes possam aplicar conhecimentos na área e aprender a atuar nos moldes do mercado de trabalho existe desde 1993. A resistência é grande porque o curso da UnB costuma formar profissionais para escolas do ensino médio e fundamental. A diversidade de carreiras para os alunos é pequena, por isso falta incentivo para que procurem outros campos de atuação no mercado.
No ano passado, o projeto ganhou força na disciplina Administração Desportiva, como trabalho final exigido pelo professor Paulo Henrique Azevedo. Alessandra Tavares, do sétimo semestre, foi uma das participantes e diz que “na época, não foi para frente por falta de pessoal”. Azevedo conta que tem sido difícil encontrar alunos e professores interessados – alguns destes sequer sabiam como funciona uma empresa júnior. Mesmo com a aprovação do colegiado, a Olé tem apenas seis membros e ainda não possui sede na FEF – aguarda sala definitiva no Centro Olímpico. O primeiro processo seletivo aceitará currículos até esta sexta-feira, para escolher dez novos integrantes.
Dificuldades - Para Alessandra Tavares, há incentivo por parte da faculdade em expandir a formação dos profissionais para a área empresarial. Segundo ela, “se os alunos não manifestam interesse, o motivo é a falta de costume, de tradição. Este é um tipo de carreira novo, muitos ainda nem têm conhecimento que existe”. Para ficar mais conhecida, a Olé tem sido divulgada em redes sociais, como Orkut e Twitter, e em breve deve ganhar um site.
Outros dois cofundadores da Olé, Lucas Modesto e João Victor Domingues, do quinto semestre, concordam que os estudantes de Educação Física têm maior interesse em trabalhar em academias e escolas, evitando a área de gestão de empresas. Este, segundo eles, ainda é um segmento desconhecido.
Ponto de partida da empresa júnior, a disciplina Administração Desportiva é obrigatória. Segundo Domingues, “muita gente só pega a matéria por isso, e não se envolve mais”. Modesto completa: “Reconhecem nosso trabalho, nos apoiam, usam nosso serviço, só não têm interesse em assumir a frente”. O professor Azevedo defende que a popularidade da Olé é questão de tempo, “quando estiver fazendo sucesso é que vai aparecer gente”.
Diferencial - Para Azevedo, a essência de uma empresa júnior é a oportunidade de trabalhar seguindo exigências do mercado de trabalho, mas com acompanhamento de um professor. “É uma orientação que não vão ter lá fora”, defende. Para os fundadores, aliar teoria à prática é importante para preparar o estudante para o mercado com um diferencial. Alessandra acredita que a Olé pode abrir oportunidade para valorizar o aluno da Educação Física. “Não somos só professores de escola ou de academia”, argumenta.
Além de Administração Desportiva, o professor Azevedo ministra todas as outras disciplinas relacionadas à gestão de esporte. Ele acha que a responsabilidade de um curso universitário é oferecer ao aluno todas as possibilidades de capacitação, “contribuir para que esse indivíduo saia com conhecimento diferencial”. Para ele, “não podemos nos ater à ideia da universidade apenas como formação acadêmica, precisamos inserir o aluno no mercado de trabalho”.
Aluno do quarto semestre da FEF, Pedro Soares enviou currículo para o processo seletivo da Olé. “Quando me falaram desse projeto, me interessei pelas propostas. É uma oportunidade de entrar no mercado em algo diferente”, conta. Apesar de pretender trabalhar com idosos, o estudante aposta na empresa para fugir dos “padrões da Educação Física”, escolas e academias, nas quais a maioria dos alunos consegue estágio com facilidade.
Perspectivas - Nos próximos seis anos, o Brasil será foco das atenções esportivas do mundo. Por isso, Azevedo considera fundamental diversificar a formação dos profissionais. Os que devem estar formados a tempo da Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada de 2016 podem ter maiores oportunidades: “Estes alunos serão as pessoas que estarão com cargos bons nesses eventos”.
* Fonte: Campus Online (acessado em 27/07/2010)
Nenhum comentário:
Postar um comentário